ouroboros
- jumvasconcelos
- 31 de mai. de 2014
- 1 min de leitura

fiz esta foto ontem à noite e hoje de manhã me deparei com esta imagem: meu bebê, que carrega um semblante tão semelhante ao meu quando nesta idade, sendo embalado por ela. passei a minha vida inteira dividindo tudo com esta pessoa. ela é minha gêmea, separada por útero, mas os ventres que nos carregavam andavam juntos em cumplicidade e o silêncio de uma troca de olhares sincera é o que basta para que nossos pais se saibam. quando eu tinha o tamanho deste bebê que está na foto, ela finalmente nasceu pra me fazer companhia no berço. dormíamos enquanto nossas mães estudavam e nossas mãozinhas se buscavam até que, seguras uma na outra, pudéssemos dormir melhor. de lá até aqui, o tempo foi nosso "pano de fundo". dividimos bonecas, lanches, brincadeiras, aprendizados, brigas, dramas, segredos e transgressões... como dizia nossa desbocadamente linda e saudosa tia Lucia: "lá vai a tampa e o penico...". Luiza é lugar de pensar alto, sem medo de julgamento. é lugar distante e seguro de qualquer ranço de humanidade. é lugar de eu procurar por mim, quando me perco. é Luiza e como o nome, sabe ser um dos meus faróis. por causa dela, minha Maria é Luiza. e de Cecilia é minha co-madre, afinal depois de tantas bonecas divididas, não tinha como não oferecer a ela a brincadeira mais profunda de todas. olho para esta foto e vejo o tempo saboreando o abocanhar de sua própria cauda, com o sabor desta luz suave que se deita sobre elas e sobre todo o amor contido neste olhar.
























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